terça-feira, 20 de setembro de 2011

CRÔNICA URBANA #10: CAMINHANDO PELA CORTE #2


Rio de Janeiro, 18 de setembro de 2011
Rio, uma cidade de destinos
Rio é uma cidade de destinos, de encontros inventados às 16h. Vinte e dois graus celsius marca o relógio eletrônico em frente ao edifício condor. Árvores a perder de vista pelo Largo do Machado. Hoje eu estou no Rio, um caminho de muitos matizes. Morrer de coração era o sonho de todo romântico. Ave Romeu ! Ave Julieta ! O caminhar senhores às vezes se dá pela imobilidade. Ficar simplesmente parado, ouvindo-vendo-sentindo os transeuntes urbanos. Ainda continuo diante do Largo – imenso aglomerado.  Na verdade em frente a praça do Largo. Recordo-me que certa vez uma imagem me inspirou a uma foto. Muito delas são imaginárias, mas a minha sorte é que eu estava com a máquina na mão. O mundo é muito Appeal. Silêncio. Quanta custa o preço do chapéu? Custa R$ 20,00 respondeu-me um latino-boliviano-peruano-colombiano. Minha originalidade não me deixa comprá-lo. Quero ser diferente. Espero ansiosamente um grande amigo. Bater um papo num café. Encontro que não se vê mais hoje em dia. Aqui no Rio, isso não é coisa só do passado. Encontrar um amigo para tomar um café é um evento especial na vida. Esses encontros, caríssimos senhores, transcendem o tempo e o espaço. Fica registrado nas estrelas. Quando e onde vamos nos encontrar de novo? Não importa. Sou íntimo de mim mesmo. Este meu amigo é muito validador. Otimista. O pior já passou. Agora você está na melhor das energias: você. Eu? Sim, você é o seu melhor projeto. Um abraço. Eu gosto muito do Rio. As lembranças de infância são as melhores. Alguma vez experimentou dormir em um hostel. Quarto coletivo com 22 camas costuma custar mais barato. Não deu tempo de conhecer os meus companheiros de quarto. Vivênciamos uma coletividade discreta e silenciosa. Nos falamos sem fala,
No outro dia, na Rua Hadock Lobo, Bairro Afonso Pena, em cada esquina uma guardiã do tempo, senhoras sentadas em seus bancos altares. Rezam por aqueles que passam. Babuciam palavras incompreensíveis. Devo lembrar que é Domingo. As guardiãs gostam também de ficar em frente aos templos religiosos da Rua Haddock Lobo. Um viaduto testemunha o trabalho-tempo das guardiãs.  O que fazem exatamente? Os transeuntes urbanos da Rua Haddock Lobo, já estão acostumados com a presença das guardiãs. Da janela da Escola Municipal Mário Claúdio ouço em silêncio pré-concurso da multirio a loja do Popeye – vende artigos de São Cosme e São Damião. Sirenes de Ambulância. Estou no terceiro andar na sala 20 numa carteira encostada a janela, por isso o testemunho indiscreto. Para escrever uma crônica urbana, a indiscrição tem que estar presente. O rio é uma cidade de destinos inventados.